domingo, 9 de julho de 2017

Gêneros Narrativos

OS MAIS COMUNS GÊNEROS NARRATIVOS

O que é uma Narrativa Alegórica?

Esse gênero narrativo ilustra uma lição de sabedoria, utilizando personagens de índole diversa, reais ou fantásticas, animadas ou inanimadas. Temos como exemplos desse gênero narrativo: as fábula, os apólogos e as parábolas. Elas podem ser confundidas facilmente por trazerem sempre lições de sabedorias, moral e ética. Em resumo: é uma linguagem que oculta outra.

O que é um Apólogo?

O apólogo é uma narrativa, de natureza simbólica, cujos personagens, de índoles diversas, por via de regra, são objetos diversos (plantas, pedras, rios, relógios etc.), imaginários ou reais que pensam, agem e sentem como seres humanos. Essa narrativa tem por objetivo transmitir, de forma satírica ou pedagógica, uma lição de moral.

O APÓLOGO DO “HOMEM E O MACHADO”

Um homem certa vez mandou forjar um machado e foi à floresta pedir às árvores que fornecessem um cabo para ele. As árvores decidiram que a oliveira deveria fornecer-lhe um bom cabo: o homem pegou-o, colocou no machado e começou a derrubar as árvores e cortar seus galhos.

Disse o carvalho às outras árvores:

____ Bem feito para nós. Somos culpadas de nosso infortúnio porque ajudamos nosso inimigo a arranjar o cabo. Somos a causa da nossa própria ruína.

Moral: Aquele que ajuda seu inimigo causa infortúnio a si próprio, e é por isso que todos pensam cautelosamente o que fazer quando um inimigo pede conselhos ou ajuda.

O que é uma Fábula?

A fábula é uma narrativa, de natureza simbólica, cujos personagens, de índoles diversas, por via de regra, são animais que pensam, agem e sentem como os seres humanos. Essa narrativa tem por objetivo transmitir, de forma satírica ou pedagógica, uma lição de moral.

A FÁBULA DO “LOBO E A GARÇA”

Um lobo, tendo se engasgado com um pedaço de osso, contratou uma garça, por uma grande soma em dinheiro, para ela colocar a cabeça dentro da sua garganta e de lá retirar o osso.

Quando a garça retirou o osso, e pediu o pagamento que tinham combinado, o lobo, rangendo os dentes, exclamou:

____ Ora, Ora! Você já foi recompensada, ao ser permitido que sua cabeça saísse a salvo de dentro da boca e mandíbulas de um lobo.

Moral: Ao servir a alguém de má índole, não espere recompensas, e agradeça se depois disso ele não te prejudicar.

O que é uma Parábola?

A parábola é uma narrativa, de natureza simbólica, cujos personagens são seres humanos e que transmite uma lição de sabedoria, de moral e de ética de forma direta ou indireta, de forma explícita ou implícita.

“Parábola assemelha-se a uma noz que se deve quebrar o casco para ver o que tem dentro. Isto quer dizer que há sempre uma nova abordagem a cada vez que olhamos a mesma parábola. Seria ampliar o conhecimento, ver com outros olhos a mesma realidade. ”

A PARÁBOLA DO “SENTIDO DA VIDA”

As sandálias do discípulo fizeram um barulho especial nos degraus da escada de pedra que levavam aos porões do velho convento.

Era naquele local que vivia um homem muito sábio. O jovem empurrou a pesada porta de madeira, entrou e demorou um pouco para acostumar os olhos com a pouca luminosidade.

Finalmente, ele localizou o ancião sentado atrás de uma enorme escrivaninha, tendo um capuz a lhe cobrir parte do rosto. De forma estranha, apesar do escuro, ele fazia anotações num grande livro, tão velho quanto ele.

O discípulo se aproximou com respeito e perguntou, ansioso pela resposta:

_____ Mestre, qual o sentido da vida?

O idoso monge permaneceu em silêncio. Apenas apontou um pedaço de pano, um trapo grosseiro no chão junto à parede. Depois apontou seu indicador magro para o alto, para o vidro da janela, cheio de poeira e teias de aranha.

Mais do que depressa, o discípulo pegou o pano, subiu em algumas prateleiras de uma pesada estante forrada de livros. Conseguiu alcançar a vidraça, começou a esfregá-la com força, retirando a sujeira que impedia a transparência.

O sol inundou o aposento e iluminou com sua luz estranhos objetos, instrumentos raros, dezenas de papiros e pergaminhos com misteriosas anotações.

Cheio de alegria, o jovem declarou:

_____ Entendi, mestre. Devemos nos livrar de tudo aquilo que não permita o nosso aprendizado. Buscar retirar o pó dos preconceitos e as teias das opiniões que impedem que a luz do conhecimento nos atinja. Só então poderemos enxergar as coisas com mais nitidez.

Fez uma reverência e saiu do aposento, a fim de comunicar aos seus amigos o que aprendera.

O velho monge, de rosto enrugado e ainda encoberto pelo largo capuz, sentiu os raios quentes do sol a invadir o quarto com uma claridade a que se desacostumara. Viu o discípulo se afastando, sorriu levemente e falou:

____ Mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga. Afinal, eu só queria que ele colocasse o pano no lugar de onde caiu.

O que é Provérbio?

Os provérbios, assim como as outras narrativas alegóricas, sobretudo as que retratam os animais, faz-nos refletir seriamente sobre o comportamento humano e nos levam a um posicionamento crítico sobre suas condutas.

O que é um Conto?

O conto é uma narrativa que se diferencia dos romances e das novelas, não apenas pelo tamanho, mas também pela sua estrutura: há poucas personagens, nunca analisadas profundamente; há acontecimentos breves, sem grandes complicações de enredo; e há apenas um clímax, no qual a tensão da história atinge seu auge. O eixo narrativo do conto aborda um só conflito, um só drama e uma só ação, diferentemente das novelas.

No conto, tempo e espaço são elementos secundários, podendo até não existir. Além disso, os próprios acontecimentos podem ser dispensáveis. O essencial está no ar, na atmosfera, na forma de narrar, no estilo.

Contos de Fadas - onde aparece o sobrenatural, o maravilhoso; Contos de Enigma ou Mistério - são estórias que têm como eixo um enigma a ser desvendado;

O que é uma Crônica?

A crônica se assemelha muito ao conto por sua estrutura narrativa, apresentando uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Ela é uma narrativa que muitas vezes, vem escrita em tom humorístico.

A crônica tem como princípio básico registrar o que é circunstancial e transitório. Recriando de forma artística, fatos do dia-a-dia. Uma característica deste gênero é a presença de elementos externos onde o autor fala diretamente ao leitor, como quem narra uma circunstância qualquer a um amigo, aborda uma linguagem coloquial e simples de predicado muitas vezes cômico.







BIBLIOGRAFIA
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.
LEON-DUFOUR, X. e OUTROS. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro, Vozes, 1972.
MOISÉS, M. Dicionário de Termos Literários.  5.ed., São Paulo, Cultrix, 1979.
Maria Judite F. de Miranda, “Os apólogos dialogais primeiro e segundo de D. Francisco Manuel de Melo”, Revista da Universidade de Coimbra, 20 (1962); Maria de Lourdes Cortez: “Relendo D. Francisco”, Jornal de Letras (3-12-1985).









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