terça-feira, 10 de setembro de 2013

Construindo um Trabalho Escolar

INICIAÇÃO ÀS NORMAS DA ABNT (7ª e 8ª Séries)

O TRABALHO ESCOLAR

Para preparar um bom trabalho escolar, é preciso cumprir bem algumas etapas, como a pesquisa, a preparação, a redação e a apresentação. A seguir, mostramos um passo a passo para organizar cada uma dessas etapas.

PRIMEIRO PASSO: A PESQUISA

O texto do trabalho escolar é um conjunto de informações que podem ter procedências variadas. Portanto, antes de começar a escrever, é preciso pesquisar o tema em fontes diversas, como livros,  jornais, revistas e internet. É melhor iniciar a pesquisa com o material existente em casa. Em seguida, pode-se realizar a consulta na biblioteca da escola ou da cidade.

a) Seleção de informações:

Feita a pesquisa, é hora de selecionar os dados por meio de uma leitura mais atenta. A triagem é necessária para que sejam descartadas as informações repetitivas ou que não acrescentem nada ao tema.

b) Fonte confiável:

A seleção de informações deve levar em conta a confiabilidade da fonte. Por isso é importante compararas informações em mais de uma fonte. É possível verificar, por exemplo, se um mesmo fato foi tratado do mesmo jeito por dois jornais diferentes.

c) Livros, jornais e revistas:

Verifique quando foram escritos. Livros e enciclopédias podem conter informações desatualizadas ou conceitos ultrapassados. Jornais e revistas são boas fontes de consulta pra assuntos que exijam atu-alidade de informações. Sempre procure fazer a pesquisa em mais de um jornal ou revista.

d) Internet:

É um grande banco de dados em que computadores ligados entre si e ao mundo inteiro podem trocar informações. Se você não possui acesso à internet em sua casa, verifique se é possível utilizar os computadores da biblioteca da sua escola ou da sua cidade. Lembre-se: a Internet é somente mais uma fonte de consulta.

SEGUNDO PASSO: A REDAÇÃO

Feita a pesquisa de informações, o próximo passo é escrever o trabalho escolar e organizar sua forma de apresentação. De acordo com o trabalho, podem-se incluir imagens (fotos, desenhos, gráficos) para ilustrar determinados tópicos.

DICAS PARA ESCREVER

Cada um tem um estilo próprio de escrever. Mas existem algumas recomendações úteis.

a) Quanto ao conteúdo:

  • Elabore um roteiro do que será escrito, procurando imaginar tópicos ou capítulos.
  • Organize o material pesquisando, distribuindo as informações entre as divisões estabelecidas.
  • Procure escrever frases, orações e períodos curtos para facilitar a leitura.
  • Evite a repetição de informações ao longo do trabalho.

b) Quanto à forma:

  • Deixe margens ou espaços em branco nas bordas do papel. Dessa forma, o trabalho fica mais “arejado” e a leitura, mais fácil.
  • Faça um trabalho limpo e ordenado. Se for manuscrito, evite o uso de corretores e mantenha um padrão para a letra.
  • Utilize parágrafos dentro de cada tópico ou capítulo.
  • Sublinhe ou destaquem em um quadro os assuntos mais importantes, como definições ou conceitos.
  • Faça a paginação das folhas.
  • Se utilizar imagens, encaixe-as próximas ao texto correspondente.
  • Evite usar cores ou outros recursos gráficos que não acrescentem informação ou dificultem a leitura.

A APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

Há inúmeras maneiras de apresentar um trabalho escolar. Tanto é verdade que, para um mesmo tema, dificilmente haverá trabalhos iguais em uma sala de aula. Cada um terá suas características visuais, sua capa e sua forma de organização. Alguns elementos, no entanto, devem fazer parte de qualquer trabalho escolar.

A seguir, mostramos uma forma de apresentação padrão:

NORMAS PARA A ENTREGA DE TRABALHOS ESCOLARES

Este documento foi elaborado para auxiliá-lo na apresentação de trabalhos escolares, segue as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), adaptadas à realidade escolar.

ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

São informações que antecedem o texto e auxiliam na justificação e uso do trabalho. Abaixo, a lista dos elementos pré-textuais considerados obrigatórios:

a) Capa:

O revestimento externo do trabalho, no qual devem constar as informações indispensáveis à sua identificação. Deve conter as seguintes informações:

  • Nome da Instituição;
  • Nome completo do/s autor/es do trabalho;
  • Título;
  • Subtítulo se houver;
  • Nome da disciplina e do professor;
  • Local (cidade da Instituição em que o trabalho foi apresentado);
  • Ano da entrega.

b) Sumário:

Apresenta as principais divisões de um trabalho,seções e outras partes do documento na mesma ordem e grafia em que nele figuram, reproduzindo a sua estrutura e organização. O indicativo de cada seção, divisão, capítulo, com suas subdivisões, devem ser acompanhados do respectivo número de página.

A palavra “SUMÁRIO” deve ficar centralizada, destacada graficamente (negrito) e com a mesma fonte utilizada nas seções primárias do trabalho. LEMBRE-SE: cada capítulo deve começar em uma nova página.

ELEMENTOS TEXTUAIS

a) INTRODUÇÃO

É a parte inicial do trabalho, nesse espaço, o autor expõe o objetivo do trabalho, os recursos utilizados e o resultado alcançado.

Os requisitos para uma boa introdução são:

  • Definição do assunto;

A indicação do caminho a seguir:

IMPORTANTE: Somente a partir da introdução numeram-se as páginas do trabalho. Utilizam-se algarismos arábicos, sendo que a contagem das páginas inicia no sumário.

b) DESENVOLVIMENTO

É o corpo do trabalho em que o autor desenvolve o conteúdo do seu estudo. É a parte mais extensa do texto, podendo ter várias seções e subseções, que variam conforme a abordagem do tema e do método.

c) CONCLUSÃO

Onde se expõe o fechamento das idéias do estudo e onde são apresentados os resultados da pesquisa e, partindo da análise destes resultados, tiram-se as conclusões e, se for necessário, as sugestões relativas ao estudo.

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

a) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Consiste em uma lista ordenada com os materiais utilizados para a confecção do trabalho. A referência permite a correta indicação de um documento, no todo ou em parte, não importando em que suporte esteja (livro, jornal, revista, internet, CD-ROM, entrevista gravada e etc.)

  • Todos os materiais que foram mencionados no texto do trabalho devem, obrigatoriamente, ser incluídos na lista de referências;
  • Após a consulta de qualquer tipo de documento, anotar os dados para não ter trabalho em coletá-los posteriormente na compilação das referências;
  • Quando consultar periódicos, não se esquecer de anotar o local de publicação, volume ou ano e número do fascículo;
  • Na consulta de documentos na Internet, não se esquecer de anotar o endereço eletrônico (URL), data de acesso (dia, mês e ano);
  • Para documentos impressos, retirar as informações, preferencialmente, da folha de rosto dos documentos;
  • Ordenar a referências em ordem alfabética.

EXEMPLO DE REFERÊNCIA:

1.PARA LIVRO:

BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 1997.

2.PARA ARTIGO DE REVISTA:

GUIMARÃES, João L. A oficina do sabor. Superinteressante. São Paulo, ano 9, n. 12, dez. 1997, p. 34-49.

3.EXEMPLO DE REPORTAGEM DE JORNAL:

NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo. São Paulo, 28 jun. 1999. Folha Turismo, Caderno 8, p.13.

Obs.: Quando não aparece o nome do autor da obra, entra-se pelo título, ou pelo nome do jornal ou revista.

4.EXEMPLO DE E-MAIL:

ACCIOLY, F. Publicação eletrônica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <mtmendes@uol.com.br> em 26 de jan. 2001.

5.ARTIGO DE REVISTA NA INTERNET:

SILVA, M.M.L. Crimes da era digital. Net, Rio de Janeiro, nov.1998. Seção Ponto de Vista. Disponível em:  <http://.brasilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm>. Aceso em: 28 jul. 2002.

6.EXEMPLO DE FITA DE VÍDEO:

AZEVEDO, Maria Izabel (Coord.) Os perigos do uso de tóxicos. Produção de Jorge Ramos de Andrade. São Paulo: CERAVI, 1995. 1 fita de vídeo (30 min.), VHS, som, colorido.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

FORMATAÇÃO

a) Papel e Fonte:

O papel utilizado no documento deve ser de cor branca, de boa qualidade e o formato deve ser o A 4 (21 cm x 29,7 cm). O texto deve ser digitado ou datilografado na cor preta, com exceção das ilustrações, no anverso (frente) das folhas. Texto do trabalho Fonte tamanho 12 (Arial ou Times New Roman) Citações com mais de três linhas Fonte em tamanho menor do que a utilizada no texto. Paginação Fonte em tamanho menor do que a utilizada no texto.

b) Margens da Folha:

As margens da folha devem permitir uma encadernação e uma reprodução corretas. Conforme a ABNT (2002), as especificações são as seguintes:

  • Margem esquerda 3,0 cm
  • Margem superior 3,0 cm
  • Margem direita 2,0 cm
  • Margem inferior 2,0 cm

c) Espacejamentos:

Segundo a ABNT (2002), devem-se adotar os seguintes espacejamentos (entre linhas) para a digitação ou datilografia:

  • Texto (corpo do trabalho - digitar com espaço duplo).
  • Citações com mais de três linhas - digitar em espaço simples.
  • Legendas das ilustrações e tabelas - digitar em espaço simples.
  • Títulos das subseções separar do texto que os precede ou que os sucede por dois espaços duplos.
  • Notas digitar ou datilografar em espaço simples
  • Referências digitar em espaço simples e separar uma da outra por espaço duplo.

d) Alinhamento:

PAGINAÇÃO

IMPORTANTE: a numeração das páginas de um trabalho só é coloca-da a partir da primeira folha de texto (Introdução).

  • A numeração é feita em algarismos arábicos a 2 cm da borda superior direita da folha.
  • Quando existir apêndice e/ou anexo, as folhas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve dar continuidade à do texto principal.
  • Nos trabalhos utiliza-se somente o anverso (frente) do papel, sendo a contagem da paginação em número de folhas.

ANEXOS

Aqui se inserem fotos, gravuras reportagens ou outras informações que se considerar pertinente ao trabalho.

Extraído das normas adotadas pelo Colégio Santa Inês – Porto Alegre – 2008 Segundo a ABNT

Modos de Narrar

Há dois modos básicos de narrar: ou o narrador introduz-se no discurso, produzindo-o, então, em primeira pessoa, ou ausenta-se dele, criando um discurso em terceira pessoa. Narrar em terceira pessoa ou em primeira são os dois pontos de vista fundamentais do narrador.

NARRADOR EM TERCEIRA PESSOA: ONISCIENTE e OBSERVADOR

Nesse caso, o narrador pode assumir duas posições diante do que narra:

1) Ele conhece tudo, até os pensamentos e sentimentos dos personagens. Comenta, analisa e critica tudo. É como se pairasse acima dos acontecimentos e tudo visse. É chamado narrador ONISCIENTE (que tudo sabe).

A meia rua, acudiu à memória de Rubião a farmácia, voltou para trás, subindo contra o vento, que lhe dava de cara; mas ao fim de vinte passos, varreu-se-lhe a idéia da cabeça; adeus. Farmácia! Adeus, pouso! Já não se lembrava do motivo que o fizera mudar de rumo, e desceu outra vez, e o cão atrás, sem entender nem fugir, um e outro alagados, confusos, ao som da trovoada rija e contínua”. (Quincas Borba, Machado de Assis)

2) O narrador também conhece os fatos, mas não invade o interior dos personagens para comentar seu comportamento, intenções e sentimentos. Essa posição cria um efeito de sentido de objetividade ou de neutralidade. É como se a história se narrasse sozinha. O narrador pode ser chamado OBSERVADOR.

NARRADOR EM PRIMEIRA PESSOA: “EU” PROTAGONISTA e “EU” TESTEMUNHA

Nesse caso, ele está presente na narrativa. Pode ser o personagem principal ou um personagem secundário.

1) Quando é personagem principal, não tem ele acesso aos sentimentos, pensamentos e intenções dos outros personagens, mas pode, como ninguém, relatar suas percepções, seus sentimentos e pensamentos. É a forma ideal de explorar o interior de um personagem. É o que ocorre em O Ateneu, de Raul Pompéia, em que o personagem principal, Sérgio, narra, em primeira pessoa, as experiências vividas durante os anos em que estudou interno no colégio Ateneu. Observe, por exemplo, o texto abaixo:

Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta. ‘Bastante experimentei a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança’ (...)

2) Quando o narrador é um personagem secundário, observa de dentro os acontecimentos. Afinal, viveu os fatos relatados. O narrador conta o que viu ou ouviu e até mesmo se serve de cartas ou documentos que obteve. Não consegue saber o que se passa na cabeça dos outros. Pode apenas inferir, lançar hipóteses. O narrador pode ou não comentar os acontecimentos.

O modo de narrar em primeira pessoa cria um efeito de subjetividade maior que o modo em terceira pessoa. Este produz um efeito de sentido de objetividade, pois o narrador não está envolvido co os acontecimentos.

A IMAGEM DO LEITOR

O narrador pode projetar uma imagem do leitor dentro da obra e dialogar com esse “leitor”, prevendo suas reações. Esse leitor instalado no texto não se confunde com o leitor real. Observe como isso ocorre no próprio Quincas Borba, de Machado de Assis:

Lá haverá leitor a quem só isso não bastasse. Naturalmente, queria toda a análise da operação mental do nosso homem, sem advertir que, para tanto, não chegariam as cinco folhas de papel de Fielding”. (cap. CXIII)

Tipos de Produção Textual

TEXTO I - DESCRIÇÃO

Eis São Paulo às sete da noite. O trânsito caminha lento e nervoso. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas. Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios”.

São relatados vários aspectos concretos de um lugar concreto (São Paulo) num ponto estático do tempo (às sete da noite); Tudo é simultâneo – ou concebido como se fosse simultâneo – e não há progressão temporal entre os enunciados.

TEXTO II - NARRAÇÃO

Eram sete horas da noite em São Paulo e a cidade toda se agitava naquele clima de quase tumulto típico dessa hora. De repente, uma escuridão total caiu sobre todos como uma espessa lona opaca de um grande circo. Os veículos acenderam os faróis altos, insuficientes para substituir a iluminação anterior”.

Relata fatos concretos, num espaço concreto e num tempo definido; Os fatos narrados não são simultâneos como na descrição: há mudança de um estado para outro, e, por isso, entre os enunciados existem uma relação de anterioridade e posterioridade.

TEXTO III - DISSERTAÇÃO

As condições de bem-estar e de comodidade nos grandes centros urbanos como São Paulo são reconhecidamente precárias por causa, sobretudo, da densa concentração de habitantes num espaço que não foi planejado para alojá-los. Com isso, praticamente todos os pólos da estrutura urbana ficam afetados: o trânsito é lento; os transportes coletivos, insuficientes; os estabelecimentos de prestação de serviço, ineficazes”.

Interpreta e analisa, através de conceitos abstratos, os dados concretos da realidade; os dados concretos que nele ocorrem funcionam apenas como recursos de confirmação ou exemplificação das idéias abstratas que estão sendo discutidas; Ainda que na dissertação não exista, em princípio, progressão temporal entre os enunciados, eles mantêm relações lógicas entre si, o que impede de se alterar à vontade sua seqüência.

A dissertação pode falar de transformações de estado, mas fala de um modo diferente da narração. Enquanto esta é um texto figurativo, aquela é um texto temático. Por isso, enquanto a finalidade principal da narração é o relato das transformações, o objetivo primeiro da dissertação é a análise e a interpretação das transformações relatadas.

Na dissertação, o enunciador do texto manifesto explicitamente sua opinião ou seu julga-mento, usando para isso conceitos abstratos.

Na descrição, o enunciador, pelos aspectos que seleciona, pela adjetivação escolhida e outros recursos, vai transmitindo uma imagem negativa ou positiva daquilo que descreve.

Na narração, a visão de mundo do enunciador é transmitida por meio das ações que ele atribui aos personagens, por meio da caracterização que faz deles ou das condições em que vivem, e, até mesmo, por comentários sobre os fatos que ocorrem. Todo texto narrativo é figurativo.

Geralmente, para depreender a visão de mundo implícita nas narrações, é preciso levar em conta que por trás das figuras existem temas, que por trás dos significados de superfície existem significados mais profundos.

Coesão e Coerência

COESÃO & COERÊNCIA. Quando lemos com atenção um texto bem construído, não nos perdemos por entre os enunciados que o constituem, nem perdemos a noção de conjunto. Com efeito, é possível perceber a conexão existente entre os vários segmentos de um texto e compreender que todos estão interligados entre si.

A essa conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto dá-se o nome de COESÃO. Diz-se, pois, que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si, quando há concatenação entre eles.

A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é fruto do acaso, mas das relações de sentido que existem entre eles.

CONECTIVOS E ELEMENTOS DE COESÃO:

Sua função no texto é exatamente a de pôr em evidência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados. São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento de coesão:

AS PREPOSIÇÕES: a, de para, com, por, etc.;

AS CONJUNÇÕES: que, para que, quando, embora, mas, e, ou, etc.;

OS PRONOMES: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual, etc.;

OS ADVÉRBIOS: aqui, aí, lá, assim, etc.

Observação: O uso adequado desses elementos de coesão confere unidade ao texto e contribui consideravelmente para a expressão clara das idéias.

A COESÃO NO PERÍODO COMPOSTO:

O período composto, como o nome indica, é constituído de várias orações, que, se não estiverem estruturadas com coesão, de acordo com as regras do sistema lingüístico, produzem um sentido obscuro, quando não, incompreensível.

COERÊNCIA

Quando se fala em redação, sempre se aponta a coerência das idéias como uma qualidade indispensável para qualquer tipo de texto. Mas nem todos explicitam de maneira clara em que consiste essa coerência, sobre a qual tanto se insiste, e como se pode consegui-la.

Coerência deve ser entendida como unidade do texto. Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo. No texto coerente, não há nenhuma parte que não se solidarize com as demais.

Todos os elementos do texto devem ser coerentes e que se dividem em três níveis a ser observada: Coerência narrativa; Coerência figurativa e Coerência argumentativa.

Figuras de Linguagem: Comentada

Observe os versos abaixo:

LUA CHEIA Cassiano Ricardo

Boião de leite

que a noite leva

com mãos de treva,

pra não sei quem beber.

E que, embora levado

muito devagarinho,

vai derramando pingos brancos

pelo caminho

As palavras do texto não estão usadas em sentido próprio. “Boião de leite” não significa “vaso bojudo, de boca larga, cheia de leite”, mas “lua cheia”; “pingos brancos” significa “estrelas”; “caminho”, “rota seguida pela lua em seu movimento no céu”.

Cabe, a essa altura, indagar que tipos de mecanismos permitem essa alteração do significado das palavras. Essa mudança baseia-se sempre em algum tipo de relação que o produtor do texto vê entre o significado habitual e o significado novo. Assim, “boião de leite” designa “lua” porque ambos os significados apresentam pontos de intersecção: a forma arredondada e a cor branca (do leite e da lua). “Pingos de leite” e “estrelas” também contêm uma intersecção: o tamanho pequeno e a cor.

O USO DA METÁFORA:

Observe a frase abaixo:

O interior de São Paulo está coberto por doces mares, donde se extrai o açúcar.

O termo “mar” significa “grande massa e extensão de água salgada”. Nessa frase, no entanto, pode significar “extensa plantação de cana”. Por que se pode alterar o sentido da palavra “mar”? Porque entre os dois significados há uma intersecção, isto é, ambos apresentam traços comuns. No caso, mar e canavial apresentam os seguintes pontos comuns: posição horizontal e grande extensão. Essa mudança de significado é uma metáfora.

METÁFORA é, então, a alteração do sentido de uma palavra ou expressão quando entre o sentido que o termo tem e o que Le adquire existe uma intersecção.

A urbanização de São Paulo está sendo feita de maneira criminosa, porque está destruindo os pulmões da cidade.

Pulmão aqui significa árvore. Essa alteração de sentido foi possível porque o significado básico de pulmão e o significado de árvore apresentam uma intersecção: a função de oxigenar.

O USO DA METONÍMIA:

Observe a frase abaixo:

Se o desmatamento de nosso território continuar nesse ritmo, em breve não restará uma sombra de pé.

Sombra, no caso, significa árvore, porque entre o significado de ambas as palavras, existem uma relação de implicação. Sombra implica árvore, já que a sombra é um efeito produzido pela árvore. Essa mudança de sentido é uma metonímia.

METONÍMIA é, então, a alteração do sentido de uma palavra ou expressão quando entre o sentido que o termo tem e o que adquire existe uma relação de inclusão ou de implicação.

Exemplo:              As chaminés deveriam ir para fora da cidade de São Paulo.

Chaminé significa aqui fábrica. Essa alteração de sentido ocorre porque o significado básico de chaminé inclui-se como parte do significado do todo, fábrica.

Como se pode notar, a metonímia distingue-se nitidamente da metáfora, porque, enquanto esta se baseia nua intersecção de traços significativos, aquela se fundamenta em relação de inclusão e de implicação.

Como se percebe que um termo tem valor metonímico?

Quando a leitura do termo no seu sentido próprio produz uma inadequação, uma imprecisão de sentido. Por exemplo, quando se diz:

Exemplo:              No verão, o sol é mais quente do que no inverno,

A palavra “sol” não está designando o astro, pois, nesse sentido, seria absurdo dizer que o sol esfria no inverno. No caso, o sol significa não o astro (fonte de calor), mas o calor (efeito).

Exemplo:              Comerás o pão com o suor do teu rosto. Esse pão custará lágrimas.

Suor, que é o efeito do trabalho, implica, portanto, por este, significa aqui trabalho. A partir dessa metonímia, pão deve ser lido como alimento, e lágrimas, como sofrimento.

O USO DA ANTÍTESE.  Antítese é o expediente de construção textual que consiste em estabelecer, ao longo do texto, oposição entre temas e figuras.

Observe o fragmento abaixo, de Bertrand Russell:

As máquinas são adoradas porque são belas, e apreciadas porque conferem poder; são odiadas porque são feias, e detestadas por imporem a escravidão.

Há elementos que se opõem entre sei: adoradas X odiadas; belas X feias; conferem poder X imporem a escravidão.

No texto de Bertrand Russell, os elementos que se opõem são simultâneos, isto é, coexiste um ao lado do outro. Esse tipo particular de antítese chama-se oxímoro.

OXÍMORO ou PARADOXO é, pois, o procedimento de construção textual que consiste em agrupar significados contrários ou contraditórios numa mesma unidade de sentido. O que distingue o oximoro da antítese é que nesta os elementos contrários não são simultâneos, naquele o são.

O USO DA PROSOPOPÉIA:

Observe o fragmento abaixo, de Alphonsus de Guimaraens:

Hão de chorar por ela os cinamomos,

Murchando as flores ao tombar do dia.

Dos laranjais hão de cair os pomos,

Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão: __ “Aí, nada somos,

Pois ela se morreu silente e fria...”

Nesses seis versos do soneto, atribuem-se a seres inanimados características de seres humanos: os cinamomos (tipo de árvore) choram; os frutos têm lembranças; as estrelas são capazes de dizer coisas. Esse mecanismo recebe o nome de prosopopéia ou personificação.

PROSOPOPÉIA ou PERSONIFICAÇÃO é, pois, o expediente de construção textual que consiste em atribuir qualidades ou acontecimentos próprios do ser humano a personagens não-humanos (animais, plantas ou coisas). Esse recurso serve para humanizar os seres não-humanos, transferindo para eles os mesmos traços do homem.

Podem-se também combinar qualificações ou eventos próprios dos animais com personagens humanos, para mostrar seu caráter animal. Nesse caso, temos a ANIMALIZAÇÃO. Quando se atribuem qualificações ou eventos próprios dos seres inanimados a personagens animados (animais ou homens), ocorre uma REIFICAÇÃO, usada para tornar os animados como que inanimados.

No texto abaixo, de Graciliano Ramos, o narrador animaliza e reifica Fabiano mostrando-o com um verbo próprio dos animais (entocar) e com verbos próprios de plantas (criar raízes, estar plantado):

“Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado.” (Vidas Secas)

O USO DA SINESTESIA:

Observe o fragmento abaixo, de Alphonsus de Guimaraens

Nasce a manhã, a luz tem cheiro... Ei-la que assoma

Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manhã nasce...

Oh sonora audição colorida do aroma!

Nesse fragmento, associam-se sensações visuais (a luz) com sensações olfativas (tem cheiro); associam-se ainda três sensações distintas: auditivas (sonora audição), visual (colorida) e olfativa (do aroma). Esse expediente é designado pelo nome de sinestesia.

SINESTESIA é, então, o mecanismo de construção textual que consiste em reunir, numa só unidade, elementos designativos de sensações relativas a diferentes órgãos dos sentidos.

Na palavra “cheiro-verde” combina-se um termo indicativo de uma sensação olfativa (cheiro) com um de sensação visual (verde); ao dizermos “cor berrante”, combinamos uma palavra que designa uma sensação visual (cor) com uma que indica uma sensação auditiva (berrante).

 

VEJA TAMBÉM:

· FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras de Linguagem

FIGURAS DE LINGUAGEM. A linguagem, por ser uma atividade intelectual, é exclusiva do homem; ao pronunciar uma palavra, o homem está expressando um determinado estado mental. Entretanto, para que a linguagem cumpra sua função social no processo de comunicação, é necessário que as palavras tenham um significado, ou seja, que cada palavra represente um conceito. O homem tem imaginação criadora e a usa frequentemente. Dessa forma, na linguagem humana, uma mesma palavra pode ter seu significado ampliado, remetendo-nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de sua colocação numa determinada frase.

Em resumo: Figuras de Linguagem são desvios das normas gerais da linguagem. São recursos especiais utilizados na comunicação. Segundo José de Nicola e Ulisses Infante, elas podem ser divididas em três grupos: Figuras de Construção ou de Sintaxe; Figuras de Pensamentos e Figuras de Palavras.

FIGURAS DE CONSTRUÇÃO:

ELIPSE: (do grego élleipsis, “omissão”)e ZEUGMA: (do grego zeûgma, junção”). Elipse é a omissão de uma palavra subentendida; Zeugma é a elipse em que o termo subentendido já apareceu anteriormente.

Exemplos:                           

Morreu, mas ressuscitou. (elipse)

Jesus morreu, mas ressuscitou. (zeugma)

ASSÍNDETO e POLISSÍNDETO: Assíndeto: ausência absoluta de conjunções coordenativas entre as frases coordenadas; Polissíndeto: uso exagerado de conjunções coordenativas entre as frases coordenadas.

Exemplos:                           

Ela chegou, entrou, deitou e dormiu. (construção normal)

Ela chegou, entrou, deitou, dormiu. (assíndeto)

Ela chegou e entrou e deitou e dormiu. (polissíndeto)

PLEONASMO: (do grego pleonasmós, “superabundância”). É o emprego de duas expressões que comunicam a mesma ideia, dentro de uma mesma frase.

Exemplos:                           

Amai-vos uns aos outros. (pleonasmo culto)

Antônio subiu prá cima. (pleonasmo corriqueiro)

ITERAÇÃO ou REPETIÇÃO: É a repetição de um termo, como recurso estilístico.

Exemplo:

“Cheguei. Chegaste. Vinha fatigada

E triste, e triste e fatigado eu vinha.

Tinha a alma de sonhos povoada,

E a alma de sonhos povoada eu tinha...” (Olavo Bilac)

ANÁFORA: (do grego ana, “repetição” + phorá, “que conduz”, “que leva”). É a repetição intencional de uma palavra.

Exemplo:                             

Não troque de cara, troque de ótica, troque seus óculos na Fotótica.

HIPÉRBATO: (do grego hipérbaton, “inversão”, “ttransposição”). É a forma de construção em que se invertem as posições dos elementos da frase.

Exemplos:                           

Eu morei em Brasília um ano. (construção normal)

Um ano eu morei em Brasília. (hipérbato)

ANACOLUTO: (do grego anakolouthon, “sem seguimento”, “sem ligação”, “sem consequência”). É a mudança brusca da forma de construção de uma frase.

Exemplos:                           

Eu dei o livro ao meu irmão. (construção normal)

O livro eu o dei ao meu irmão. (anacoluto)

ALITERAÇÃO: Consiste na repetição de fonemas para surgir um som.

Exemplo:

“A br|isa do Br|asil b|eija e b|alança.” (Castro Alves, “O navio negreiro”)

Pedr|o p|e|drei|ro p|enseiro es|per|ando o tr|em

Que já v|em, que já v|em, que já v|em...” (Chico Buarque, “Pedro pedreiro”)

FIGURAS DE PENSAMENTO:

EUFEMISMO: (do grego euphemismós, “dizer bem”, “dizer agradavelmente”). É o uso de uma palavra ou expressão mais branda do que a original.

Exemplos:                           

Ambrósio morreu. (construção normal)

Ambrósio passou desta para a melhor. (eufemismo)

ANTÍTESE: (do grego anti, “contra” + thesis, “afirmação”). Antítese é o uso de contrários não simultâneos; Oxímoro é o uso de contrários simultâneos, considerados sob aspectos diferentes; e Paradoxo é o uso de contrários simultâneos e considerados sob o mesmo aspecto.*

Exemplos:                           

Ora sofria, ora gozava. (antítese)

Ser mãe é padecer no paraíso. (oxímoro)

Um mudo me contou isso. (paradoxo)

IRONIA: (do grego eiróneia, “interrogação”). É o emprego de uma expressão para comunicar exatamente o contrário do que ela significa.

Exemplos:                           

Foi tão desonesto que enriqueceu às custas do Estado. (construção normal)

Foi tão honesto que enriqueceu às custas do Estado. (ironia)

HIPÉRBOLE: (do grego hyperbolè, “lançar sobre”). É a exageração do sentido de uma expressão.

Exemplo:                             

Maria chorou um rio de lágrimas quando soube que seu pai morreu.

GRADAÇÃO: É a utilização de uma sequencia progressiva de sinônimos.

Exemplo:                             

Ele estava satisfeito, feliz, exultante.

PROSOPOPÉIA: (do grego prosopopoiía, “personificação”). É a atribuição de características humanas a outros seres.*

Exemplo:                             

As plantas se alegram com a chegada da primavera.

APÓSTROFE: (do grego apostrepho, “desvio”). Figura que consiste em interromper a frase para se invocar alguém ou algo.

Exemplo:

Liberdade! Liberdade!

Abre as asas sobre nós,

Das lutas, na tempestade,

Dá que ouçamos tua voz...” (Osório Duque Estrada, Hino da República)

FIGURAS DE PALAVRA:

METÁFORA: (do grego meta, “mudança”, “alteração” + phora, “transporte”). É uma comparação sem a presença da conjunção comparativa.*

Exemplos:                           

Iracema, a virgem dos lábios doces como o mel (comparação)

Iracema, a virgem dos lábios de mel (metáfora)

METONÍMIA: (do grego metonymia, “além do nome”, “mudança de nome”). É a troca de uma palavra por outra a ela relacionada.*

Exemplos:                           

Adoro ler os livros de Paulo Coelho. (construção normal)

Adoro ler Paulo Coelho. (metonímia)

Neste caso, cita-se o autor em vez da obra.

Eu vivo do dinheiro que ganho com o meu trabalho. (construção normal)

Eu vivo do meu trabalho. (metonímia)

Neste caso, cita-se a causa em vez do efeito.

Não tenho nenhuma moeda de níquel. (construção normal)

Não tenho nenhum níquel. (metonímia)

CATACRESE: É a utilização de uma palavra para denominar uma coisa semelhante ao objeto do seu significado original

Exemplos:                           

Minha perna está doendo. (construção normal)

A perna da mesa está suja. (catacrese)

SINESTESIA: É a atribuição de uma qualidade percebida por um determinado sentido a alguma coisa que só pode ser percebida por outro sentido.*

Exemplos:                           

Essa é uma música quente.

NOTA: a música é percebida pela audição, o que é quente percebe-se pelo tato. PORTANTO: em sentido próprio, uma música não pode ser quente.

VEJA TAMBÉM:

· FIGURAS DE LINGUAGEM COMENTADA

Termos Essenciais da Oração

Estudo do Adjunto Adverbial – Adjunto Adnominal – Aposto – Vocativo

1 - ADJUNTO ADVERBIAL e o ADJUNTO ADNOMINAL (termos que se junta a um nome ou a um verbo) são termos acessórios da oração. O prefixo ad (do latim = movimento para; aproximação; direção. Exemplo: advogado: ad+vogado; literalmente significa “que é chamado para si, em seu socorro”). Vejamos:

Anoiteceu.

Essa oração sem sujeito formada por um verbo impessoal (anoiteceu) consegue transmitir suficientemente a mensagem enunciada. E se ampliarmos mais as informações da oração acima:

Suavemente anoiteceu na cidade.

A ideia central continua contida no verbo da oração. Temos, agora, duas noções acessórias, circunstanciais, ligada ao processo verbal: o modo como anoiteceu (suavemente) e o lugar onde anoiteceu (na cidade). A esses termos acessórios que indicam circunstâncias relativas ao processo verbal chamamos de Adjuntos Adverbiais.

Se expandirmos um pouco mais a oração acima:

Suavemente anoiteceu na deserta cidade do planalto.

Surgiram termos que se referem ao substantivo (cidade), caracterizando-o, delimitando-lhe o sentido. Trata-se de termos acessórios que se ligam a um nome, determinando-lhe o sentido. Quando isso ocorre chamamos de Adjunto Adnominal.

O Adjunto Adnominal determina, especifica ou explica um substantivo. Ele é uma Função Adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que normalmente exercem tal papel na oração. Além deles, artigos, numerais e pronomes adjetivos atuam como adjuntos adnominais:

“O poeta inovador  | enviou | dois longos trabalhos | ao seu amigo de infância.”

· Sujeito: O poeta inovador

· Núcleo do Predicado Verbal: enviou

· Objeto Direto: dois longos trabalhos

· Objeto Indireto: ao seu amigo de infância.

Na oração acima, os substantivos (poeta, trabalhos, amigos) são núcleos do sujeito determinado simples, do objeto direto e do objeto indireto. Ao redor de cada um desses substantivos agrupam-se os adjuntos adnominais: o artigo (o) e o adjetivo (inovador) referem-se a (poeta); o numeral (dois) e o adjetivo (longos) referem-se ao substantivo (trabalhos); o artigo (o) – em ao –, o pronome adjetivo (seu) e a locução adjetiva (de infância) são adjuntos adnominais de (amigo).

Observe que os adjuntos adnominais se prendem diretamente ao substantivo a que se referem, sem qualquer participação do verbo.

Vejamos:

“O notável poeta português deixou uma obra originalíssima.”

Se substituirmos (poeta) pelo pronome (ele), obteremos:

“Ele deixou uma obra originalíssima.”

As palavras (o, notável, português) tiveram de acompanhar o substantivo (poeta), por se ratar de adjuntos adnominais. O mesmo se substituirmos o substantivo (obra) pelo pronome (a):

“O notável poeta português deixou-a.” (a = sua obra originalíssima)

OBSERVAÇÃO:

“O policial levava o militante preso.”

“O policial levava-o.” (o militante fora preso anteriormente; o policial poderia estar levando-o ao julgamento, por exemplo.)

“O policial levava-o preso.” (o militante acabou de ser preso e está sendo conduzido à prisão pelo policial.)

CIRCUNSTÂNCIAS COMUMENTES EXPRESSAS PELO ADJUNTO ADVERBIAL

· Acréscimo:Além da tristeza, sentia profundo cansaço.”

· Afirmação:Sim, realmente irei partir.”

· Assunto: “Falavam sobre futebol.” (ou de futebol, ou a respeito de futebol)

· Causa: “Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede…são tantas vezes gestos naturais.” (Caetano Veloso)

· Companhia: “Sempre contigo bailando sob as estrelas.” (Caetano Veloso)

· Concessão:Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.” (Chico Buarque)

· Condição:Sem erros, não há acertos.”

· Conformidade: “Fez tudo conforme o combinado.”

· Dúvida:Talvez nos deixem entrar.”

· Fim: “Vive para o amor.”

· Freqüência:Sempre aparecia por lá".”

· Instrumento: “Fez um corte com a faca.”

· Intensidade: “Corria bastante.”

· Limite: “Andava atabalhoado do quarto à sala.”

· Lugar: “Vou à cidade.”

· Matéria: “Compunha-se de substâncias estranhas.”

· Meio: “Viajarei de trem.”

· Modo: “Foram recrutados a dedo.”

· Negação:Não há ninguém que mereça.” (Grafite Anônimo)

· Preço: “As casas estão sendo vendidas a preços exorbitantes.”

· Substituição ou Troca: “Abandonou suas convicções por privilégios econômicos.”

· Tempo:Ontem à tarde encontrou o velho amigo.”

2 - APOSTO. É o termo acessório que pode ampliar, explicar, desenvolver ou resumir ideias contidas num termo que exerça qualquer função sintática.

“Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.”

segunda-feira” é o aposto do adjunto adverbial de tempo (ontem)

“Segunda-feira passei o dia mal-humorado.”

Após a eliminação de (ontem), o substantivo (segunda-feira) passa o adjunto adverbial de tempo.

O aposto pode ser classificado em:

Explicativo:

“A Linguística, ciência das línguas humanas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.”

Enumerativo:

“A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, arte, ação.”

Resumidor ou Recapitulativo:

“Fantasias, suor e sonho, tudo isso forma o carnaval.”

Comparativo:

“Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.”

APOSTOS ESPECIFICATIVOS

O Aposto Especificativo (não são marcados por sinais de pontuação – dois pontos ou vírgula)individualiza um substantivo de sentido genérico, prendendo-se a ele diretamente ou por meio de uma preposição, sem que haja pausa na entonação da frase:

“A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.”

“A obra de Camões é símbolo da cultura portuguesa.”

O termo em destaque tem a função de adjetivo: a obra camoniana. Portanto, é um adjunto adnominal.

3 - VOCATIVO. a origem da palavra vocativo está relacionada com várias palavras bastante significativas: voz, vocal, vociferar, vozearia, vozeirão, evocar, evocação, evocativo. Podemos relacionar a duas noções fundamentais: a de que alguém fala (usa a voz) e a de que alguém chama (evoca).

IMPORTANTE: A função de vocativo é também substantiva, cabendo a substantivos, pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas.

“Vós, poderoso Rei, cujo alto Império…”

“Estavas, linda Inês, posta em sossego…”

Como pode se observar, o  vocativo sempre aparece isolado por sinais de pontuação.

OBSERVAÇÃO:

Cuidado com a análise de certas orações em que o vocativo, por se referir à mesma pessoa que o sujeito, pode-se confundir com ele.

“Maria, sai da lata!”

Maria” é o vocativo; o sujeito de (sai) está elíptico, sendo facilmente determinado pela terminação verbal: (tu).

“Maria, sai (tu) da lata!”

Pronomes

PRONOME. É a palavra que substitui ou acompanha o substantivo, indicando sua posição em relação às pessoas do discurso ou mesmo situando-o no espaço e no tempo.
É necessário relembrar inicialmente que as pessoas de um discurso são três:
1ª pessoa = indica que fala ou emissor;
2ª pessoa = indica com que se fala ou receptor;
3ª pessoa = indica de quem se fala ou referente. 
Primeira pessoa do discurso corresponde, entre outros, os pronomes:
eu, nós, me, minha, este.
Segunda pessoa corresponde, entre outros:
tu, vós, teu, esse.
Terceira pessoa corresponde, entre outros:
ele, elas, seu, aquilo
A definição acima afirma que pronome é a palavra que substitui ou acompanha o substantivo; no primeiro caso, ao substituir o substantivo, o pronome desempenha a mesma função de um substantivo (pronome substantivo); no segundo caso, ao modificar o substantivo, o pronome exerce a função de um adjetivo (pronome adjetivo). 
Ele devolveu o livro e as canetas.
 
Temos na frase acima um pronome – ele – que nos indica a 3ª pessoa do discurso e nomeia um ser (que pode ser José, João, o aluno, o professor, etc., dependendo do contexto); por desempenhar a função de um substantivo, é um pronome substantivo.
Esta caneta é da professora.
 
Temos na frase acima um pronome – esta – que está modificando o substantivo caneta, determinando-o, especificando-o (não qualquer caneta, mas esta, ou seja, a caneta que está próxima de quem fala); por desempenhar a função de um adjetivo, é um pronome adjetivo.
Observação: o pronome é uma palavra variável, podendo ser flexionado em gênero (masculino ou feminino), número (singular ou plural) e pessoa (eu, tu, ele).

Dependendo do que estiver indicando, o pronome pode ser classificado em:
  • Pronome pessoal;
  • Pronome possessivo;
  • Pronome demonstrativo;
  • Pronome relativo;
  • Pronome indefinido;
  • Pronome interrogativo.
Pronome Pessoal é aquele que indica as pessoas do discurso e apresenta variações de forma, conforme a função por ele exercida na oração, podendo ser reto ou oblíquo
Será reto quando exercer a função de sujeito da oração: 
Eu vou na esquina de lá, senão ele escapa outra vez!”
 
Os pronomes eu e ele exercem a função de sujeito das orações. O pronome eu indica a primeira pessoa (1ª pessoa) do discurso (de quem fala), e o pronome ele indica a terceira pessoa (3ª pessoa) do discurso (de quem se fala). 
Será oblíquo quando exercer a função de complemento: 
“Mamãe comeu tanto peru que um momento imaginei, aquilo podia lhe fazer mal.”
 
O pronome lhe da frase acima é um pronome pessoal que indica a terceira pessoa (3ª pessoa) do discurso (... comeu tanto que podia fazer mal ... Mal a quem? A ela, no caso, mamãe). Exerce a função de complemento verbal (objeto indireto).

Dependendo da acentuação, os pronomes pessoais oblíquos dividem-se em átonos e tônicos.
Observação: os pronomes oblíquos átonos nunca vêm precedidos de preposição, ao contrário dos tônicos, que sempre vêm precedidos de preposição como podemos ver exemplificado abaixo:

“E heroico, embora sempre horrorizado, passei o livro a ele.”
 

PRONOME PESSOAL
NÚMERO
PESSOA
PRONOME RETO
PRONOME OBLÍQUO
ÁTONOS
TÔNICOS
Singular
1ª pessoa
eu
me
mim, comigo
2ª pessoa
tu
te
ti, contigo
3ª pessoa
ele /ela
o, a, lhe, se
ele, ela, si, consigo
Plural
1ª pessoa
nós
nos
nós, conosco
2ª pessoa
vós
vos
vós, convosco
3ª pessoa
eles /elas
os, as, lhes, se
eles, elas, si, consigo


Pronome de Tratamento é a palavra ou locução com o valor de pronome pessoal. Na maioria das vezes, é usada para designar a segunda pessoa do discurso, a pessoa com quem se fala. 



PRONOME DE TRATAMENTO
PRONOME
ABREVIAÇÃO
QUANDO USAR
Vossa Alteza
V.A.
Arquiduques, duques, príncipes.
Vossa Eminência
V.Emª
Cardeais.
Vossa Excelência
V.Exª
Altas autoridades ou pessoas de respeito.
Vossa Magnificência
V.Magª
Reitores de universidades.
Vossa Majestade
V.M.
Reis, imperadores.
Vossa Reverência
V.Revª
Sacerdotes.
Vossa Reverendíssima
V.Revma
Sacerdotes.
Vossa Santidade
V.S.
Papa.
Vossa Senhoria
V.Sª
Altas autoridades ou pessoas de respeito.
 
Pronome Possessivo é aquela que associa a ideia de posse às pessoas do discurso. – Veja o exemplo: 

 “Meu amigo sofreu muito.”
 
Temos uma narração em 1ª pessoa, onde o eu (personagem-narrador) é o possuidor; o amigo (3ª pessoa, de quem se fala) é a coisa possuída. Agora vamos a algumas variações do exemplo acima:
Minha amiga sofreu muito.
 
Meus amigos sofreram muito
.
Minhas amigas sofreram muito.
 
Percebemos que o pronome possessivo meu da frase original aparece, nas variações, flexionado em número e gênero, concordando com a coisa possuída (meu amig|o, minha amig|a, meus amig|os, minhas amig|as), mas não apresenta flexão de pessoa mantendo-se sempre na 1ª pessoa do singular, ele concorda com o possuidor. Entretanto, se agora apresentarmos uma variação da frase original, alterando o número de possuidores, o pronome possessivo será flexionado:
Eu e Pedro ficamos aborrecidos: nosso amigo sofreu muito.
Eu e Pedro ficamos aborrecidos: nossos amigos sofreram muito.



PRONOME POSSESSIVO
PESSOA
UM POSSUIDOR
MAIS DE UM POSSUIDOR
UMA COISA POSSUIDA
MAIS DE UMA COISA POSSUIDA
UMA COISA POSSUIDA
MAIS DE UMA COISA POSSUIDA
1ª pessoa
meu, minha
meus, minhas
nosso, nossa
nossos, nossas
2ª pessoa
teu, tua
teus, tuas
vosso, vossa
vossos, vossas
3ª pessoa
seu, sua
seus, suas
seu, sua
seus, suas
 
Pronome Demonstrativo é aquele que indica a posição de um ser em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo e no espaço e podendo ser flexionados em gênero, número e pessoa.
 
Exemplo: 

“Di Cavalcanti e Portinari retrataram o povo brasileiro de formas igualmente originais, mas distintas: este deu ênfase ao aspecto social; aquele, à sensualidade lírica.”
 
Observe bem como este (Portinari) e aquele (Di Cavalcanti) se relacionam com Portinari e Di Cavalcanti, respectivamente o mais próximo (este) e o mais distante (aquele) no momento em que se efetua a distinção entre as obras. 


PRONOME DEMONSTRATIVO
PESSOA
SITUAÇÕES
PRONOMES
ESPAÇO
TEMPO
VARIÁVEIS
INVARIÁVEIS
Próximo de quem fala
Presente

Este, esta
Estes, estas

isto
Próximo com quem se fala / pouco distante
Passado ou Futuro Próximo
Esse, essa
Esses, essas
isso
Próximo de quem se fala / muito distante
Passado Remoto

Aquele, aquela
Aqueles, aquelas

aquilo

Pronome Relativo é aquele que retoma um termo expresso anteriormente, por isso mesmo chamado de antecedente
... a casa onde morava ...
 
Onde é um pronome relativo que retoma o substantivo casa, o antecedente. Em muitos casos, o pronome relativo introduz o antecedente em outra oração, estabelecendo assim uma relação entre orações:
“Lá na esquina em frente despontavam alguns rapazes que vinham da noite de sábado.”

Observe que o pronome relativo que retoma o substantivo rapazes, introduzindo-o na oração seguinte. Transformando o período composto em período simples teremos: 

Lá na esquina em frente despontavam alguns rapazes.
 
Os rapazes vinham da noite de sábado.



PRONOME RELATIVO
VARIÁVEIS
INVARIÁVEIS
o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja, cujas,
quanto, quantos, quantas
que
quem
onde
  
Pronome Indefinido é aquele que se refere a terceira pessoa do discurso de modo impreciso, indeterminado, genérico. 
“Mas alguém lhe segurava o braço ...”
 
Na oração acima temos o pronome indefinido alguém, ou seja, alguma pessoa, uma pessoa indeterminada, qualquer pessoa, um ser qualquer de quem se fala, portanto, uma terceira pessoa.

PRONOME INDEFINIDO
VARIÁVEIS
INVARIÁVEIS

algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vário, tanto, quanto, qualquer, um

alguém, ninguém, tudo, outrem, nada, cada, algo, algures, alhures, nenhures
 
Pronome Interrogativo é aquele utilizado para formular uma pergunta. Os principais são: quem, que, qual, quanto. Os dois primeiros são invariáveis; qual apresenta flexão de número (quais); quanto apresenta flexão de número e de gênero. 

Quanto mede?” “Quem lhe contou que é ladrão?”
 
Observação: Podemos formular uma interrogação direta ou uma interrogação indireta. A interrogação direta apresenta a forma típica, com o ponto de interrogação no final:
O professor perguntou: ___ Quem será aprovado?
 
Já a interrogação indireta se faz da seguinte maneira: 
O professor perguntou quem seria aprovado.